segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

...Era Uma Vez

"Nas últimas décadas, muitas facções da crítica literária têm definido a necessidade de se considerar o texto literário em relação ao contexto em que o mesmo se encontra inserido, por considerarem que, de alguma forma essas instâncias estão irremediavelmente interligadas. No que se refere à posição social da mulher e sua presença no universo literário, essa visão se deve muito ao feminismo, que colocou em evidencia as circunstâncias sócio-históricas entendidas como determinantes na produção literária." - Lúcia Osana Zolin, 


         Confesso! A postagem dessa semana não foi nomeada com o título da música pois Apacresce sendo um neologismo poderia afastar potenciais visitantes; ou pode ser para tentar capitalizar audiência na esteira do iminente retorno da sexta temporada de Once Upon a Time, de forma que a hashtag #Eraumavez possa, com algum esforço, alcançar fãs ávidos por notícias e spoilers saídos do forno. Coisas que, desde já, me não proponho a fazer. Mas divago. Acaso  você leitora ou leitor fique um pouco mais poderei falar de uma música composta no ano de 2009. Influenciado pela leitura de Guimarães Rosa todos os títulos precisavam ter um neologismo - era o mesmo caso de Solipátria - e o da vez era uma junção de "cresce e aparece". Simples e direto.
           Faço questão de reiterar o ano da composição justamente pela série de Kitsis & Horowitz ter estreado apenas em 2011, portanto, não podendo servir como inspiração. Transcrevo o texto que me instigou, partindo de Daiane Suzuki ,a seguir:
"Hoje eu acordei mulher. Não há mais lobo-mau, bruxas ou vilões, meu tempo sou eu quem faz.O príncipe não tem mais cavalo e já não é mais tão encantado assim. A bruxa má virou rotina e o lobo mais um flerte. Não existe mais frutinha que me faça dormir e o encontro com o príncipe ao pôr-do-sol tornou-se apenas uma conversa corriqueira durante uma pausa na rotina.A fada-madrinha virou sorte e há muito deixei de contar com ela. Exauriram-se os bailes reais e as festas. O livro de feitiços virou um grosso livro de Resistência dos Materiais.Troquei o vestido por jeans e os sapatinhos de cristal por salto-alto. A ingenuidade tornou-se frieza, a pureza, perfeição e a inocência, uma lenda.O "felizes para sempre" virou meta, ou talvez só mais uma metáfora. A madrasta agora é aluna e o espelho um objeto de desejo.As bonecas agora são enfeites ou brinquedos para as traças. O castelo virou casa e o cavalo branco o carro do ano. Já não há mais magia, sorte, coincidência ou acaso.A maçã envenenada agora é minha fruta favorita. O conto de fadas passou a ser mito e o tempo se tornou implacável.Cada dia a responsabilidade aumenta e a princesinha agora dorme um sono profundo e sem culpa, talvez um dia ela retorne de seu sono, mas enquanto isso a mulher toma seu lugar e segue seu caminho mostrando-se cada vez mais capaz e mais forte porque o tempo não para e sua vida é um verdadeiro milagre."
         Conversando com Anderson Gonçalves à época, a crítica feita por ele era a de que a letra poderia agregar mais referências a outros contos de fada. Salta aos olhos facilmente a presença de Chapéuzinho Vermelho, Branca de Neve, Cinderela, A Bela e a Fera e A Bela Adormecida. Histórias encrustadas no inconsciente coletivo. Observando o texto-inspiração, talvez o impacto fosse mais forte com a menção de uma leva diferente de princesas, tais Mulan ou Tiana. Indo de acordo com o parágrafo nono do tomo I do documento SZK demonstrando um tipo de princesa que não quer ser tratada diferente, tampouco ser o sexo frágil e nem regalias. Sem menção direta a estes fatos, se pode argumentar que a letra da canção é pueril e rasa. Repleta de reducionismos - será?. Mesmo assim, à porta de meus dezenove anos falar da vida em tom maior parecia o caminho a seguir. Uma curiosidade acerca da música é que detratores inferiam que a melodia não passava de um plágio de Eduardo e Mônica.



Apacresce (2009)

Eu a vejo passear graciosa
Pela estrada vai sozinha
Em suas mãos uma maçã
Ela mesma faz seu tempo
Acho nunca vai mudar
Mesmo que a meia-noite vá embora

Para ela um lobo é só parte do jogo
O príncipe não passa de um menino bobo
E a fera não assusta como dizem por aí

Era uma vez
Uma menina que dormia
Abraçada com ursinhos
Era uma vez
Um dia levantou de supetão
E que deixou tudo para trás
De uma vez
Uma menina que dormiu menina
E que acordou mulher

A fada madrinha ficou para trás
Não tem bruxa nem madrasta
Que a façam parar
Ela não dorme para sempre

Hoje ela paga para ver

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Fotografia

“A melhor coisa de uma fotografia é que ela nunca muda, mesmo quando as pessoas nela, o fazem.” - Andy Warhol

Postagem de julho de 2011 com o poema original de Kariny

       

         Dentre os recursos recorrentes em minha observação de mundo está a tentativa de enxergar tudo sob um viés literário. Seria uma doença? Mergulhando no Mal de Montano de Enrique Vila-Matas me ponho a perguntar se sofro deste mal. Forrar um texto de citações demonstrando a falta de um pensar particular. Recordo da leitura de Schopenhauer: Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Ao mesmo tempo, podemos ruminar entre leituras e não chegar a conclusão alguma. Isso diz mais acerca do escrito em si ou da habilidade do leitor? Pode ser que isso não importe, ou então que eu tenha perdido o fio da meada. Os textos deveriam surgir na quarta-feira, e não posteriormente. Este parágrafo me parece inútil, avisar a esta altura, no entanto, tornou a leitura indispensável.
         No dia vinte e cinco de março de 2013 me veio uma melodia e corri para o violão em busca de traduzir o emaranhado de sons em acordes. A palavra a estimular a procura de sentidos que seriam versados foi "fotografia". Longe da intenção de criar um texto a tendo como tema, recordei um texto de Kariny que eu travara contato anos antes. Nunca tive o hábito de tirar fotografias. Desde pequeno o texto sempre pareceu melhor aliado na eterna luta contra o possível esquecimento. Também não convém ser tão drástico. Ao menos até o início da adolescência não tinha senso crítico o que levou minha versão infantil ter centenas de fotos com discernimento quase-zero. Outros tempos, o filme fotográfico tornava os registros algo especial, fosse um filho dormindo ou um sorriso montado num burro magenta & mostarda. Enfim, na era das câmeras na mão a cada celular parece haver uma ânsia por capturar cada momento em lugar de vivenciá-lo, seja com museus, viagens ou amores. Não escapo totalmente disso, minha dileção é por fotografias com artistas, como se nesse contato se transmitisse algo essencial (...).
         Quando mostrei a Kariny ela se mostrou surpresa nunca achei que um escrito meu fosse digno de uma música sua. Agrada poder sentir-se gregário pela música. Sair da própria mente aproveitando aquela coisa toda de Oswaldo Montenegro, conclusões que eu não chegaria. Desembocar no refrão de Caetano: Outras Palavras.

Fotografia (2013)
 
Fotografias são mentiras
No momento em que serão registradas 
Só se ouve o "Sorria!"
Falsa fotografia! 
Abrem-se os dentes e mais nada.

Mas mentiras
Porque não estão lá. 
E iludem, 
E lembram
Porque
Foram registradas.

Fotografia: E velha, tão velha ficou nossa

Fotografia, sorrisos gelados
Passado que não mais temos
Não quero ser fotografada.
Por favor, não fotografem mais!

Fotografia: E velha, tão velha ficou nossa


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Apesar de Nós

“Ter uma memória autobiográfica involuntária é tomar consciência de uma experiência passada sem qualquer tentativa consciente prévia de a evocar” (Berntsen & Hall, 2004)
         No Ano passado esteve em cartaz a peça Havemos de Amanhecer, inspirada na obra de Carlos Drummond de Andrade. Quando me deparei com o título minha reação inicial foi espanto. Anos antes compus Padam, uma música contendo referência ao mesmo poema. Até que eu associasse o fato, no entanto, fiquei ali me sentindo meio autor do título.  Acho que todo mundo tem esse sentimento de se apossar de algo a ponto de diminuir a relevância da autoria. Em família temos o hábito de inserir frases de filmes e séries enquanto dialogando amenidades. Ninguém se detém a imaginar o roteirista nessas horas.
        Quando em 8 de agosto de 2013, Kariny postou a imagem que ilustra esse post eu não imaginei que teria aulas com Carpinejar anos depois, conhecia seu trabalho pela repercussão de frases no twitter e depois pelo programa A Máquina, mas ainda não tinha tocado num livro de sua autoria. Fiquei ruminando suas palavras, tentado a mesclar esse 'apesar de nós' n’alguma melodia. Antes que chegasse a qualquer conclusão veio o dia seguinte e mais um post:
Decidi que o mote da letra seria me deixar conduzir pela ideia da felicidade de outrem. A partir disso consolidei diversas referências, começando pelo filme Luzes da Cidade, de Chaplin. Até chegar a O Vento do Los Hermanos. Já o "quadro de saudade" é inspirado na obra do Ituano, Almeida Junior. Na imagem do moleskine é possível perceber o método para cifrar a canção, que utiliza afinação drop-D e capotraste na quarta casa. Até hoje não faço ideia do nome dos acordes usados. Fui colocando de acordo com os sons, influenciado pela leitura do songbook de  Vitor Ramil - sempre referência. Como notado na foto há apenas duas estrofes um pré-refrão e o refrão e o outro, definido pela palavra FIM. Outra estrofe foi escrita para não se valer do recurso de repetição total do texto.
        Muitas referências se perderiam sem o registro, por exemplo, no momento em que vejo "como uma brisa leve" o primeiro pensamento é que se trata de uma referência ao cavaleiro de ouro Afrodite de Peixes ao receber a Tempestade Nebulosa de Shun: - como pode chamar isso de tempestade? Não é sequer uma brisa matutina. Poderia ser também da canção Quero Mergulhar nas Profundezas que conheci com o Pe. Marcelo Rossi no longínquo 1998 e possui o verso "brisa leve tão suave doce espírito" e no final das contas trata-se do título de um poema de Fernando Pessoa!
         Os versos finais, quando interpretados literalmente, podem remeter à eterna rainha da Floresta Encantada, Regina, e seu hábito de retirar corações para os mais diversos fins. Sendo que a retirei do cabeçalho do blog http://meulivrodepoesia.blogspot.com.br/. Inserindo o Não digas nada! de Pessoa como anacoluto. A parte do diário de bordo mostra que a canção foi gravada no dia anterior à entrega de meu currículo na Editora Saraiva. Nada é mais simples, não há outra norma. Nada se perde, tudo se transforma. Diria Jorge Drexler.





Apesar de Nós (2013)

As luzes da cidade
Te dando esperança
Um quadro de saudade
A fazer chover
Se não é mais “pequeno”
Será providencial?
Rasgando a amargura
Em mil pedaços

Apesar do que se crê
Apesar do que se quer
Como a vida pode ser melhor
Quando você sente-se plena?

Com uma brisa leve a te levar
Á eterna inocência
De esquecer a cor da mágoa
Com o que vem
Apesar de nós

O sol daquelas tardes
De vento na lembrança
Um sentimento imenso
Que só faz crescer
Se não é passageiro
E tampouco acidental
Nova surpresa em risos
Partilhados

Apesar do que se vê
Apesar de quem se é
Como a vida pode ser melhor
Quando caminhas tão serena?

Com uma brisa leve a te levar
Á eterna inocência
De esquecer a cor da mágoa
Com o que vem
Apesar de nós

Se te arrancassem do peito o coração
No vazio ainda existiria...
Não digas nada! 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A Hora da Estrela

"Uma coisa eu já adivinhava: era preciso tentar escrever sempre, não esperar um momento melhor porque este simplesmente não vinha. Escrever sempre me foi difícil, embora tivesse partido do que se chama vocação. Vocação é diferente de talento, Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir." Clarice Lispector, Escrever - A Descoberta do Mundo, p.304
Por Jorge Luís Barros

      Escolhi falar de A Hora da Estrela por ser uma composição negligenciada no cancioneiro de Thales Salgado. Com uma letra, assim como Dom Casmurro! e To Fanny, tendo inspiração em livros que ele leu. Lembro que ele a enviou por e-mail em junho de 2009. Já estávamos em férias da faculdade? É bem provável que sim. Esse fato é relevante no sentido de que um período de descompressão favorece o exercício criativo, tomo como exemplo o fato de ele ter sido capaz de consolidar pensamentos de cerca de cinco meses no fim do ano passado na canção Vita Brevis. No meu caso aprecio José Ramos Tinhorão, Ruy Castro, et cetera. Ele havia me presenteado com sua cópia do livro de Clarice Lispector dizendo ter lido por conta de uma cisma de sua mãe com Macabéa e a desesperança da narrativa. 
     Todos os que o conhecem sabem quão dramático ele tende a ser a tentar realizar leituras aprofundadas da ficção com a realidade na sua própria forma de procurar as epifanias Clariceanas no todo cotidiano. Li o livro numa tarde, encantado pela vivacidade metalinguística investigativa e filosófica. Ao ler a letra, não precisei ir muito longe para intuir de maneira certeira qual era o arcabouço poético. Clarice registrou treze títulos, que disponho a seguir:

A HORA DA ESTRELA OU A CULPA É MINHA OU A HORA DA ESTRELA OU ELA QUE SE ARRANJE OU O DIREITO AO GRITO  QUANTO AO FUTURO OU LAMENTO DE UM BLUE OU ELA NÃO SABE GRITAR OU ASSOVIO AO VENTO ESCURO OU EU NÃO POSSO FAZER NADA OU REGISTRO DOS FATOS ANTECEDENTES OU HISTÓRIA LACRIMOGÊNICA DE CORDEL OU SAÍDA DISCRETA PELA PORTA DOS FUNDOS

    Alguns dos títulos estão sortidos no meio de uma narrativa em que um eu-lírico desamparado narra um episódio fantástico culminando na fuga em negação. Me lembra parte de Uma didática da invenção do poeta Manoel de Barros "repetir repetir até ficar diferente". Fica claro que a repetição não seria rima tampouco solução, mesmo assim é a única opção vista por quem vive qualquer tipo de situação-limite, independente das variáveis de intensidade. Ainda que Thales não se diga afeito a refrões, aí está mais uma música em que se vale dessa estrutura. 



A Hora da Estrela (2009)

O dia amanheceu tão calmo
Ninguém notou
Que chegava uma tormenta
Majestosa em forma de pessoa
E que ela apenas dirigia-se a mim
Me convidou para dançar
Eu aceitei sem compreender a proposta
Nadávamos alados sem cessar
Eu me via disforme
E ela sempre perfeita

Assovios ao vento escuro
Que agora me fechou a porta
E não há palavra que retire
Da boca o gosto amargo da derrota

Vou além da atmosfera
Vou tentar cantar
Vou voltar então no tempo
E em reprise a vida deixar

Quanto ao futuro...

Vou além da atmosfera
Vou tentar cantar
Vou voltar então no tempo
E em reprise a vida deixar
E eu não posso fazer nada

Eu nem sei gritar

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

To Fanny

"O homem que tencionar fazer você amá-lo (estando você ciente das intenções dele) tem que trabalhar muito, pois terá que lutar contra todos os seus hábitos e afeições de infância; e antes de conseguir conquistar seu coração, tem que o libertar de todos os laços que o prendem a coisas animadas e inanimadas, confirmados por tantos anos de crescimento e que no momento estão consideravelmente apertados justamente pela ideia da separação."


Além da letra, um lema autoral (?) baseado em Al-Nahda
Um renascimento cultural iniciado no fim do séc.XIX no Egito

         Trecho de entrevista concedida a Jorge Luís Barros em 2011:

Jorge: Olá, posso começar com uma curiosidade pessoal? Uma das músicas chama-se To Fanny, de onde vem o nome?
Thales: Mas é claro, ela é a protagonista de um romance de Jane Austen (Mansfield Park) eu li um trecho contundente numa página de Estela e pensei em fazer uma música, Então li o livro e assisti um filme para me embasar. Então fiz a letra e o refrão era algo como (canta) “would you leave Mansfield Park with me”.

Jorge: Estou a ver a letra, você omitiu esse trecho!
Thales: Alterei algumas coisas, eu conversava com ela (Estela) acerca disso que quis ver a letra, quando encontrei notei que eu havia escrito há mais de dois anos! Não percebi o tempo. Essa ideia existia já na época em que eu escrevera Estelar e Uma estrela faz calar.**

**Nota do editor: as duas canções datam de algum ponto entre 2008 e 2009


To Fanny (2011)

Edmund Bertram:

 - Fanny,
It took a long time for me
To be here and speak
You were always there
Sending your affection to me
I just couldn’t see
I was running blind
And now
Like the morning sun
Your light is guiding me to peace
Lovely lady I felt your touch
And it was so sweet
As a melody
I will give to you
What you’re giving me
(Love)
Believe me
I have no pleasure in the world
Superior to that of be the one
Who makes your heart smile

         Renato Russo registrou no Acústico da Legião Urbana que é importante cantar em português, e criar em inglês é algo esquisito, ainda que divertido. Seria influenciado por esse pensar absorvido desde cedo que eu tenha composto menos de cinco músicas em inglês? Essa é a resposta bonita, a razão deve ter sido provavelmente falta de segurança com o idioma estrangeiro. Uma vez que Mosaico de Estrelas é praticamente um disco conceitual, variações de um mesmo tema, fiquei por meses me perguntando como abordaria alguma de suas canções, se faria um post específico para todas elas - ao menos as faixas com letras e no fim das contas preferi manter a linha adotada de tentar manter o texto falando de uma letra apenas.
         "Não procure mas está tudo aí", curiosa a forma como se cruzam referências para uma canção, tentei traduzir o espírito do jovem Edmund. Ao tempo que mal se percebe algo de Austen nos versos. A ideia de uma melodia que "cresce" veio de There's an Arc da banda Hey Rosetta! Assim como se pode perceber os ecos de Strangelove da Depeche Mode no último verso, Running Blind é uma canção da banda Godsmack e "lovely lady" certamente surgiu de Crush de Dave Matthews Band. É um paradoxo! Falar de Jane Austen sem o menor traço de sua ironia ou qualquer coisa que a evoque além dos nomes das personagens. Dedicar a canção a alguém com uma série de referências do seu próprio cânone e que talvez nem ressoem com a pessoa. Ainda assim, foi uma das canções surgidas no período entre julho e agosto de 2011, quando cada um dos versos pavimentava o caminho antes do fim do silêncio.