quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

To Fanny

"O homem que tencionar fazer você amá-lo (estando você ciente das intenções dele) tem que trabalhar muito, pois terá que lutar contra todos os seus hábitos e afeições de infância; e antes de conseguir conquistar seu coração, tem que o libertar de todos os laços que o prendem a coisas animadas e inanimadas, confirmados por tantos anos de crescimento e que no momento estão consideravelmente apertados justamente pela ideia da separação."


Além da letra, um lema autoral (?) baseado em Al-Nahda
Um renascimento cultural iniciado no fim do séc.XIX no Egito

         Trecho de entrevista concedida a Jorge Luís Barros em 2011:

Jorge: Olá, posso começar com uma curiosidade pessoal? Uma das músicas chama-se To Fanny, de onde vem o nome?
Thales: Mas é claro, ela é a protagonista de um romance de Jane Austen (Mansfield Park) eu li um trecho contundente numa página de Estela e pensei em fazer uma música, Então li o livro e assisti um filme para me embasar. Então fiz a letra e o refrão era algo como (canta) “would you leave Mansfield Park with me”.

Jorge: Estou a ver a letra, você omitiu esse trecho!
Thales: Alterei algumas coisas, eu conversava com ela (Estela) acerca disso que quis ver a letra, quando encontrei notei que eu havia escrito há mais de dois anos! Não percebi o tempo. Essa ideia existia já na época em que eu escrevera Estelar e Uma estrela faz calar.**

**Nota do editor: as duas canções datam de algum ponto entre 2008 e 2009


To Fanny (2011)

Edmund Bertram:

 - Fanny,
It took a long time for me
To be here and speak
You were always there
Sending your affection to me
I just couldn’t see
I was running blind
And now
Like the morning sun
Your light is guiding me to peace
Lovely lady I felt your touch
And it was so sweet
As a melody
I will give to you
What you’re giving me
(Love)
Believe me
I have no pleasure in the world
Superior to that of be the one
Who makes your heart smile

         Renato Russo registrou no Acústico da Legião Urbana que é importante cantar em português, e criar em inglês é algo esquisito, ainda que divertido. Seria influenciado por esse pensar absorvido desde cedo que eu tenha composto menos de cinco músicas em inglês? Essa é a resposta bonita, a razão deve ter sido provavelmente falta de segurança com o idioma estrangeiro. Uma vez que Mosaico de Estrelas é praticamente um disco conceitual, variações de um mesmo tema, fiquei por meses me perguntando como abordaria alguma de suas canções, se faria um post específico para todas elas - ao menos as faixas com letras e no fim das contas preferi manter a linha adotada de tentar manter o texto falando de uma letra apenas.
         "Não procure mas está tudo aí", curiosa a forma como se cruzam referências para uma canção, tentei traduzir o espírito do jovem Edmund. Ao tempo que mal se percebe algo de Austen nos versos. A ideia de uma melodia que "cresce" veio de There's an Arc da banda Hey Rosetta! Assim como se pode perceber os ecos de Strangelove da Depeche Mode no último verso, Running Blind é uma canção da banda Godsmack e "lovely lady" certamente surgiu de Crush de Dave Matthews Band. É um paradoxo! Falar de Jane Austen sem o menor traço de sua ironia ou qualquer coisa que a evoque além dos nomes das personagens. Dedicar a canção a alguém com uma série de referências do seu próprio cânone e que talvez nem ressoem com a pessoa. Ainda assim, foi uma das canções surgidas no período entre julho e agosto de 2011, quando cada um dos versos pavimentava o caminho antes do fim do silêncio.

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