quinta-feira, 11 de maio de 2017

Mar de Mim

"Subindo colinas arenosas, haviam chegado ao labirinto. Este, de perto, pareceu-lhes uma direta e quase interminável parede, de tijolos sem reboco, pouco mais alta que um homem. Dunraven disse que tinha a forma de um círculo, mas tão extensa era sua área que não se percebia a curvatura. Unwin lembrou-se de Nicolau de Cusa, para quem toda linha reta é o arco de um círculo infinito..." O Aleph, Jorge Luis Borges
                 




Mar de Mim (2011/2017)

Busco no som
A simplicidade do Ser
A possibilidade de
Estar bem, sem estar
(A) Incerteza com

Que eu anoiteço sem saber
Distante de todo e qualquer lugar

Sensibilidade nas folhas
Brancas e marcadas
O que de olhos abertos
Não posso ver

Pequena! Amo, logo sou amor inteiro
Vem, mergulhe nesse inexplicável
Mar de mim

Cidades são
Âncoras, e as vejo crescer.
Deserta, a praia torna-se um lar
A melhor paisagem:
Nossos risos entre as águas
Ondas circulares
Espelham o sol

I - Nunca breve nem conciso

         "Há de convir. Todo o processamento passa apenas de fantasia, delírios imaginativos. A imaginação fértil é um campo de maçãs argentinas.

O falso saber, é constituído de informações selecionadas ao acaso e pré-julgadas. Não muito mais que isso. Portanto, no momento em que Sócrates afirmou nada saber, mostrava-se ele à par desta verdade. Já Platão, com seu método da caverna, revela estar limitado pelo próprio ideal, uma vez que, o fato de ver de onde vem as sombras nada mais é que colocar-se ao meio de novas ilusões. Fato. Meus estudos conduziram a essa ideia. Ao conversar com um estudante de engenharia mecânica estou em uma caverna: dependo de sua interpretação, de sua convivência acadêmica. Não tendo eu o conhecimento teórico pertinente à Engenharia estaria apenas a ver sombras desta modalidade. É preciso escolher as sombras em que viverá." 2011

II - Apenas um retrato impreciso

         Elpídio percorria todas as semanas longas distâncias para estar em contato com a guitarra. Por vezes partia de Pernambuco, da casa de madeira do ruivo. Era estar dentro de uma cálida caixa acústica vibrante em ideias. Outras, preferia partir do Piauí.  Morada de um dos Pretos que conhecia. Só quem se chama para dentro de casa entende esse jeito de falar. É um instinto "estou contaminado de amizade"; ora! Não se diz da amizade que se 'pega'?. Longe era lugar inexistente. Diferente dos mais de seiscentos quilômetros do cotidiano. Absorção, frequência, transmissão. Acústica sem canção. Isso é a vida.

III - Menecma

         Há sósias nossos espalhados pelo mundo. N'algum lugar do Alto Tietê, talvez até mesmo na cidade de Arujá, há um grupo de pessoas se encontrando agora e definindo que no dia seguinte haverá um show em algum lugar da Av. Amazonas. Um deles, pelo menos, vai reclamar estar muito em cima da hora... Eles, os sósias, não sabem de nós. Divago!



         Este trecho de canção estava perdido em meu moleskine desde 2011. Ou muito me engano ou encontrei com Fabio no ônibus, coincidências precisas? Cada um em sua faculdade. A conversa se alongou até chegar à sua casa. Ao teclado, ele me mostrou essa melodia cantando o que já possuía. Me lembrei, por alguma razão harmônica, em Robot Boy da Linkin Park.
       Veio fevereiro deste ano e, no concurso do Sindicato Vanguart, as sugestões de Fabiana Nascimento para o título ficaram na minha cabeça: mar de mim, mergulho no inexplicável e amo, logo, sou amor inteiro. Ruminei essas ideias. Elas soavam ternas para um refrão. Das perguntas avulsas que fiz à Fabio, soube sua palavra favorita. Pequena. Assim como sua relação com a Praia do Moçambique... Foi apenas no início de abril, preso no ônibus-arca, cercado por 53,4mm de chuva que surgiram os versos da estrofe. Até para algumas canções, nascer leva tempo.

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