quarta-feira, 14 de junho de 2017

Forever Young - Fecomercio SP

"Eu não entendo. Nos musicias, por que começam a cantar e a dançar do nada? Quero dizer, eu não começo... a cantar e dançar." Jeff - Dançando no Escuro
         
         Ao fim de 2050 completarei sessenta e um anos! Não havendo nenhuma divergência drástica no caminho, claro. Até onde sou capaz de idealizar as sensações? Sabe, quando alguém te pede para visualizar onde você se enxerga nos próximos dez anos? Conseguir traçar esse projeto nunca foi meu forte. Então, quando me tornar uma criatura de três pernas ao entardecer creio minha única certeza é a de que tentarei estar cercado de música... bem, se minha audição permitir! Enquanto assistia a peça Forever Young, o pensamento de minha mãe seguiu uma outra linha: será que estarei aqui? Mas não se preocupe! A peça é, sim, uma comédia musical. A seu modo ela insere uma série de reflexões de forma leve e bem-humorada mas não menos poderosa por exemplo: estando as personagens num "retiro dos artistas", onde estariam seus filhos ou familiares? Não há visitas, para além da supervisão da enfermeira, desse modo os seis personagens funcionam como uma família e isso dá espaço para momentos emocionantes em meio aos risos da platéia. 
         A peça pode ser apreciada como um show de piano e vozes em que as interações entre as personagens fazem as vezes daquela conversa intimista com o público em que se aprende mais sobre os ídolos. Instrumento representante do rock por excelência, a guitarra faz parte do show desde a flying V fazendo as vezes de ípsilon na tipografia do título, passando pela Summer Song de Joe Satriani, até o solo performado por um idoso Carmo Dalla Vecchia - e cabe um parentese, mesmo o ator tendo suas duas décadas atuando, a primeira vez que o vi foi na minissérie A Cura como o inescrupuloso José Silvério de Andrade e é incrível ver como o Carmo de 2050 é um velhinho tão boa praça, essa é uma das graças do teatro: a proximidade com as nuances da atuação.
       As personagens são carismáticas e despertam o interesse. Quantas histórias não carregam o par de enamorados? O hippie caladão? As lembranças vão se construindo aos poucos. Transportar o nome dos atores para a ficção é uma decisão acertada por auxiliar, desde a apresentação das personas, na identificação com os dramas propostos. O repertório passeia por décadas de música e nisso há espaço para todos de Smells Like Teen Spirit a hinos como I Will Survive e I Love Rock 'n' Roll, além, é claro, da faixa da banda Alphaville que dá nome à peça. Um ponto à parte é o repertório da enfermeira responsável por trazer doses homeopáticas de realidade. Suas canções não partem do cânone "roqueiro" e, por serem em português, tem capacidade de transmitirem as mensagens a um número mais amplo de pessoas. 


Ficha Técnica

Autor: Erik Gedeon
Direção Geral: Jarbas Homem de Mello
Supervisão Artística/tradução/adaptação: Henrique Benjamin
Direção Musical e canções adicionais: Miguel Briamonte
Elenco: Vanessa Gerbelli,  Carmo Dalla Vecchia, Fred Silveira, Paula Capovilla,
Fafy Siqueira e Drayson Menezzes
Piano: Miguel Briamonte
Stand In:  Naíma
Supervisão Cenográfica: Luís Rossi
Produtora de Objetos: Rosa Berger
Figurino: Paulette Pink
Visagismo: Hugo Daniel
Preparação corporal: Renata Mello
Designer de Luz: Fran Barros
Designer de Som: Rafael Caetano
Assessoria de Imprensa: Morente Forte
Produção Geral: Henrique Benjamin e Sandro Chaim
Lei de Incentivo à Cultura Proac
Realização: Tricicle, Coisas Nossas Produções, Benjamin Produções, Chaim XYZ Produções, Governo de São Paulo, Secretaria da Cultura e Ministério da Cultura, Governo Federal

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