sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Constante

"E Lost nunca foi uma série qualquer. Lost transformou palavras como constante, números, escotilhas e candidatos em histórias. Bastava um 23 ou um nome riscado aparecerem na tela, para que teorias incendiassem as redes sociais – fenômeno aliás, indissociável da série.
Durante seis anos, Lost ousou em temas como fé, ciência, religião, amor, viagens no tempo, vida após a morte. Palavras que parecem se acotovelar quando colocadas numa mesma frase, usadas para contar uma história. Que pode não ter tido nem pé nem cabeça, mas que nos fez pensar, chorar e, acima de tudo, nos divertir." Lost - The End, por Fabio Yabu 26/05/2010
Desmond e Penny, foto por Lost-Media.com



Constante (2008)

Espera,
Se eu te dissesse que nos falaríamos
De tempos diferentes
Você diria que estou louco
E eu que essa realidade
Era a mesma de tua lucidez
E se acreditar
Ao menos num instante que tudo isso é real
Esqueça agora tudo o que passamos
As fugas, lutas, hoje tanto faz.
Não sou covarde
Era pra acontecer assim
E o futuro distorcido, desmontado
Só para nós será ao menos ideal
Por um segundo sei vamos recriar
Nosso próprio tempo
Será eterno e constante
Em outro tempo, será constante
Se for eterno, seja constante

     Hoje, 22 de setembro, a estreia de Lost completa treze anos. Provavelmente a movimentação geral será realizada em 2019, quando o seriado chegar à seus quinze anos. Em 2017, diversos veículos de mídia tem levantado comparações entre Lost e Game of Thrones. Um ótimo exemplo é este texto: https://seriemaniacos.tv/lostizacao-game-thrones/.
      Acompanhando a cobertura do fenômeno da HBO eu também vinha pensando nisso.No sentido de GoT ser a sucessora espiritual de Lost. Cast diversificado, fantasia que surge aos poucos na trama... É curioso quando pensamos que, nos estágios iniciais da produção da série da Ilha, quando Michael Keaton era cotado para o papel de Jack, a ideia seria matá-lo "traindo" a confiança da audiência que estaria investida nele. Os produtores foram contra e Matthew Fox se tornou o amado/odiado doutor por todos os episódios da série. Esse movimento de subversão à expectativa foi um dos pontos altos da primeira temporada de GoT em 2011, pouco mais de um ano do encerramento de Lost. Ou seja, em menos de sete anos o que seria um movimento arriscado para a ABC tornou-se um dos trunfos da HBO. Esperemos o fim da guerra dos tronos para que surja uma análise completa de como as duas séries se portaram do início ao fim.         
        Agora, falando em música! Assim como 108 Minutos, a canção comentada um ano atrás. Constante foi tirada do universo lostiano. Dessa vez, não em termos de referências à mitologia. Mas à parte humana da série, com o melhor casal apresentado pelo seriado: Desmond e Penélope. O título da letra é retirado do quinto episódio da quarta temporada - por essa mesma razão, era a faixa número cinco na demo Fatos, Não Palavras. Constante foi ao ar pela primeira vez em 28 de fevereiro de 2008, trazendo o primeiro episódio da série que não utilizou flashbacks ou flashforwards em sua narrativa. Os flashs eram vivenciados no momento em que a mente de Desmond se deslocava entre dois períodos de tempo em busca do contato com a única pessoa que poderia mantê-lo ancorado à realidade. Um amor de salvação.
       A relação entre ambos na série é palpável por enxergarmos os sentimentos e nos importarmos com eles. Houve fugas e desencontros, sim, até mesmo a sombra ameaçadora de Charles Widmore e seu uísque escocês antagonizando o genro, mas o fato de haver algo que os ligasse nunca pode ser questionado nas interpretações de Henry Ian Cusick e Sonya Walger. E um dos grandes momentos é justamente  o telefonema que ocorre no final do episódio. Duas pessoas que farão de tudo para se reencontrar e seguir em frente com sua vida a dois. Criando seu próprio tempo.

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