domingo, 25 de junho de 2017

Para o Adeus

“No matter what, the most powerful thing in the world is the human mind, and prayer, and belief in yourself and confidence and perseverance. No matter how many times you do it, you do it again, until it’s right. And always believe in yourself, and no matter whose around you that’s being negative or thrusting negative energy at you, totally block it off, because whatever you believe you become." - Michael Jackson



Para o Adeus (2009)

Eu quis negar sua partida
Eu tentei não transparecer
Mas hoje cedo me dei conta
Que isso não vai acontecer
Se estiver em algum lugar
E se puder daí me ouvir
Saiba que há milhões como eu
A desejar-te felicidade
Nós que também somos o mundo
Que somos parte de você
Os teus passos foram um norte
E por muito tempo vão ser

História viva em cada movimento
Indefinível por qualquer
Que tenha sensibilidade para ver
A lacuna que deixou o rei

E hoje o rei descansa em paz
Foi universalizar seu passo da lua
E hoje um rei descansa em paz
Foi tranquilo e aqui fica a lenda tua

E aquele que levou também se admirou
Com sua essência popular magia
Eu sinto com Morfeu e Hypnos
Foi encantar outro lugar

Hoje o rei descansa em paz
Foi universalizar seu passo da lua
E hoje um rei descansa em paz
Foi tranquilo e aqui fica a lenda tua

"A coisa mais poderosa no mundo é a mente humana, a oração, crença em si mesmo, a confiança e a perseverança. Não importa quantas vezes você faça, você fará de novo, até fazer direito. E sempre confie em si mesmo, não importa que quem lhe cerca esteja a ser negativo ou empurrando energias negativas à você. Bloqueie totalmente, pois o que quer que você acredite, você se tornará" - Michael Jackson

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Forever Young - Fecomercio SP

"Eu não entendo. Nos musicias, por que começam a cantar e a dançar do nada? Quero dizer, eu não começo... a cantar e dançar." Jeff - Dançando no Escuro
         
         Ao fim de 2050 completarei sessenta e um anos! Não havendo nenhuma divergência drástica no caminho, claro. Até onde sou capaz de idealizar as sensações? Sabe, quando alguém te pede para visualizar onde você se enxerga nos próximos dez anos? Conseguir traçar esse projeto nunca foi meu forte. Então, quando me tornar uma criatura de três pernas ao entardecer creio minha única certeza é a de que tentarei estar cercado de música... bem, se minha audição permitir! Enquanto assistia a peça Forever Young, o pensamento de minha mãe seguiu uma outra linha: será que estarei aqui? Mas não se preocupe! A peça é, sim, uma comédia musical. A seu modo ela insere uma série de reflexões de forma leve e bem-humorada mas não menos poderosa por exemplo: estando as personagens num "retiro dos artistas", onde estariam seus filhos ou familiares? Não há visitas, para além da supervisão da enfermeira, desse modo os seis personagens funcionam como uma família e isso dá espaço para momentos emocionantes em meio aos risos da platéia. 
         A peça pode ser apreciada como um show de piano e vozes em que as interações entre as personagens fazem as vezes daquela conversa intimista com o público em que se aprende mais sobre os ídolos. Instrumento representante do rock por excelência, a guitarra faz parte do show desde a flying V fazendo as vezes de ípsilon na tipografia do título, passando pela Summer Song de Joe Satriani, até o solo performado por um idoso Carmo Dalla Vecchia - e cabe um parentese, mesmo o ator tendo suas duas décadas atuando, a primeira vez que o vi foi na minissérie A Cura como o inescrupuloso José Silvério de Andrade e é incrível ver como o Carmo de 2050 é um velhinho tão boa praça, essa é uma das graças do teatro: a proximidade com as nuances da atuação.
       As personagens são carismáticas e despertam o interesse. Quantas histórias não carregam o par de enamorados? O hippie caladão? As lembranças vão se construindo aos poucos. Transportar o nome dos atores para a ficção é uma decisão acertada por auxiliar, desde a apresentação das personas, na identificação com os dramas propostos. O repertório passeia por décadas de música e nisso há espaço para todos de Smells Like Teen Spirit a hinos como I Will Survive e I Love Rock 'n' Roll, além, é claro, da faixa da banda Alphaville que dá nome à peça. Um ponto à parte é o repertório da enfermeira responsável por trazer doses homeopáticas de realidade. Suas canções não partem do cânone "roqueiro" e, por serem em português, tem capacidade de transmitirem as mensagens a um número mais amplo de pessoas. 


Ficha Técnica

Autor: Erik Gedeon
Direção Geral: Jarbas Homem de Mello
Supervisão Artística/tradução/adaptação: Henrique Benjamin
Direção Musical e canções adicionais: Miguel Briamonte
Elenco: Vanessa Gerbelli,  Carmo Dalla Vecchia, Fred Silveira, Paula Capovilla,
Fafy Siqueira e Drayson Menezzes
Piano: Miguel Briamonte
Stand In:  Naíma
Supervisão Cenográfica: Luís Rossi
Produtora de Objetos: Rosa Berger
Figurino: Paulette Pink
Visagismo: Hugo Daniel
Preparação corporal: Renata Mello
Designer de Luz: Fran Barros
Designer de Som: Rafael Caetano
Assessoria de Imprensa: Morente Forte
Produção Geral: Henrique Benjamin e Sandro Chaim
Lei de Incentivo à Cultura Proac
Realização: Tricicle, Coisas Nossas Produções, Benjamin Produções, Chaim XYZ Produções, Governo de São Paulo, Secretaria da Cultura e Ministério da Cultura, Governo Federal

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Falsa Modéstia, a banda

"Na estação de trem
Um gosto de lágrima no rosto
Palavras murmuradas 
Que eu quase nem ouço 
Em algum lugar no tempo 
Nós ainda estamos juntos 
Em algum lugar 
Ainda estamos juntos 
Não guarde mágoa de mim!"
Biquíni Cavadão

Fábio Kulakauskas, Thales Salgado, Bruno Oliveira e Bruno Cortez no Encontro das Nações de Arujá em 2008

2007 – Falsa Modéstia
13. Para Ela

    Quem disse que "recordar é viver" estava certo. Ou quase. Talvez recordemos justamente por estar vivos. A vida permite o recordar. Argumente que "nem todas as pessoas são capazes deste feito" e você, leitora ou leitor de percepção aguçada, também estará certa (o), restando a mim, apenas o contra-argumento: apenas cerca de 4, 815% da população não possui essa capacidade e iria além! 1, 623% se encontra no lado das memórias prodigiosas. A pesquisa na qual baseio estes resultados foi realizada com um grupo aleatório de 42 pessoas ao redor do globo... sim. Concordo contigo. Não é uma amostragem significativa, isso invalida o primeiro parágrafo? Na dúvida, melhor passar ao segundo.
         Salvo melhor juízo, quando vim a conhecer o Thales a Falsa Modéstia já não existia. Era uma série de conceitos; Lembro de um que ele atribuía ao sr. Fabio Kulakauskas. Seriam dois zeros, mas unidos formariam o símbolo do infinito. Era sobre tentar passar uma mensagem, talvez, contra os vazios existenciais. Talvez. Nunca chegaram a usar o conceito. Quando você tem dezessete ou dezoito anos uma torrente criativa o conduz a mares nunca navegados. Some dez anos e, você pode estar à deriva, lutando para manter a criatividade em outros meios, sejam textos acadêmicos, vídeos institucionais, ou fotos. Pode até ser, não exista realmente uma "luta". As coisas se transformam e isso não é bom nem mau. Simplesmente acontece. Nunca conheci todos os integrantes para saber suas histórias. Isso pode me tornar tanto um mau jornalista quanto um defensor de Renato Russo, afinal, todos tem suas próprias razões.

Primeira edição da revista Gente S/A

         No decorrer de quase um ano em que esse blog está no ar, eu, Luís Jorge Barros, tive a oportunidade de escrever algumas vezes acerca de algumas músicas. Àqueles perguntando qual o sentido deste espaço, talvez, seja esse: manter vivas as histórias. Thales tem empreendido, sem muito sucesso devo admitir, uma pesquisa acerca da relação entre a geografia e a música. É de seu agrado quantificar até que ponto ele ter sido criado na cidade de Arujá influenciou seu modo de pensar e, por extensão, suas composições. Da mesma forma que o pelotense Vitor Ramil tem em desenvolvimento constante sua Estética do Frio (fundamentada em rigor, profundidade, clareza, concisão, pureza, leveza e melancolia) ele procura saber como "acabou nisso", essa obsessão em tornar a vida em canção, mesmo que, "os sons da cabeça não tenham encontrado a melhor tradução", palavras dele que replico aqui.
         Enquanto editor, sugeri a ele colocar o marcador "Arujá" para as composições feitas nessa cidade. Na lista que encabeça esta postagem então links aos textos de dez canções entre as primeiras do grupo. Entre as quatro pendentes (Resolva com os Profetas, Memórias Distantes, Cantillena Sant'Anna e Para Contato - Marte) há parcerias entre os integrantes e músicas solo. Talvez, olhando agora, não houvesse unidade. Certamente, havia uma vontade de traduzir uma identidade coletiva. "Se vi mais longe foi por estar sobre os ombros de gigantes" tomo emprestada a frase de Newton como um pilar de acontecimentos que não vivi. Ao ler os textos de origem das canções, fica a certeza de que, havia sempre um senso de pergunta e resposta sutil entre os integrantes. Uma retroalimentação positiva. Eles enxergavam assim à época? Pode ser que não, mas havia.

Foto da apresentação no Encontro das Nações de Arujá em 2008
         Tendo em vista a distância entre intenção e gesto, tomei a liberdade de inserir nesse texto os vídeos do Yeld Music Live Festival, ocorrido na cidade de Guarulhos, por serem, até onde pude apurar, os únicos registros que se tem notícia da banda. O agradecimento fica para Bruno Cortez, não fosse ele, é bem provável ninguém os teria. Mais que isso, o upload ter sido feito naquele período torna o registro melhor. E, quando digo, melhor, afirmo como registro histórico. No sentido qualitativo, tendo a concordar com Ivan Carolino em um dos comentários "ao vivo estava um pouco melhor". Essa era a vida, senhoras e senhores! Como não seriam gravações atuais? Por vezes, até a imaginação se perde aqui: um teatro, os instrumentos acústicos que povoaram o imaginário da geração crescida nos anos 90. Talvez a banda no meio do público, velas, panos pretos reverenciando a natureza trágica das canções esperando a chegada do sol após dez anos de silêncios... Seria possível? Tomando as palavras de Lô Borges: ou será que é tarde demais?





sexta-feira, 2 de junho de 2017

Antígona - Sesc Consolação

"Eu começo escrevendo a primeira frase - e confiando em Deus,Todo-Poderoso pela segunda."
A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram Shandy, Laurence Sterne
     
Antígona pela lente de Guga Melgar (Divulgação)


         "Repetir, repetir até ficar diferente." o poema de Manoel de Barros cabe bem quando nos deparamos com a reinvenção de uma peça com mais de dois mil anos de idade. No Sesc Consolação temos a Antígona reencarnada no vigor físico e interpretativo de Andrea Beltrão. Uma personagem polivalente, aqui, multiforme. O monólogo permite a ela converter-se em Antígona, Creonte, o Oráculo,  Ismênia, Édipo... Num primeiro momento estranhei a personificação do trágico rei tebano até que, após a peça, li o texto de Luiz Felipe Reis para O Globo em 2016, quando a peça estava no Rio de Janeiro.  Há um trecho com a fala do diretor Amir Haddad o qual reproduzo aqui: "— Quando os gregos assistiam às tragédias, conheciam toda a história, a linhagem familiar. Sabiam o que deuses e deusas haviam feito, e as pessoas e entidades citadas eram do cotidiano, assim como nós em relação à “Paixão de Cristo”, com Jesus, Maria, Judas... — diz o diretor. — Oferecemos esse contato com a história e a ancestralidade para chegarmos em Antígona com essas informações."
         Desta maneira, é justo que o ancestral surja. É questão de contexto. Tendo em vista o senso-comum o "Complexo de Édipo" é amplamente difundido mas com um distanciamento. Antígona, a peça, busca realizar uma aproximação com os conflitos daquela família, seus deuses, sua maldição atávica. O programa da peça apresenta textos do diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, e destaco um trecho: "Ainda que exista um elemento de desobediência civil e um desejo cego na protagonista, deflagra-se em seu dilema o quanto certas normas sociais podem trair sua própria razão de existência ao postular um castigo dessa natureza, posto que visam um processo civilizatório". A personagem título busca honrar a morte de seu irmão Polinices com os rituais funerários. Estes, no entanto, foram proibidos por seu tio Creonte por considerá-lo um traidor de Tebas. Neste conflito de convicções não há como ceder. Millôr Fernandes em 2007 afirmou "Se o céu fosse azul, o pão bem distribuído, a escola aberta, o amor proclamado, o riso permitido, a fé diversificada, o mérito reconhecido, Antígona estaria morta e enterrada entre milhões de alfarrábios que perderam força na literatura dramática de todos os tempos. Mas não. A personalidade quase viril da última filha de Leio, está tão viva quanto estava há 2 mil e 400 anos e ai!, quanto estará daqui a 2 mil e 400? Os cães ladram, a caravana parou no tempo." 
          Andrea trabalhou na pesquisa, na escrita, e sua paixão pela obra transparece em sua interpretação, em cada variação de gestos e tons. O público percebe quem está em cena a cada conversão. Parte mais curiosa do programa da peça é uma linha do tempo que consolida eventos como o nascimento de Sófocles, as "Antígonas" do professor George Steiner, o assassinato de Pinochet, a Ditadura Militar no Brasil, "o papa levando um tiro à queima-roupa". Também como a jovem paquistanesa Malala Yousafzai (Nobel da paz em 2014) e sua luta pelo acesso universal à educação. O espírito de Antígona prossegue em sua amorosa luta contra a injustiça, em nossos tempos.


Ficha Técnica:
De: Sófocles
Tradução: Millôr Fernandes
Dramaturgia: Amir Haddad e Andrea Beltrão
Direção: Amir Haddad
Com: Andrea Beltrão
Iluminação: Aurélio de Simioni
Figurino: Antônio Medeiros
Direção de Movimento: Marina Salomon
Cenário e Projeto Gráfico: Fábio Arruda e Rodrigo Bleque (Cubículo)
Mídias Sociais: Rosa Beltrão de Farias
Operação de Luz: Vilmar Olos
Desenho de Som: Andrea Zeni
Apoio Sonorização: Áudio Cênico
Montagem Cênica: Ricardo Rodrigues
Camareira: Conceição Telles
Administração: Sérgio Canizio

Desenvolvimento Turne Nacional: Trigonos Produções Culturais

Produção: Boa Vida Produções